quinta-feira, 24 de junho de 2010

Respiração Bucal e Alterações na fala

Sempre recebo em meu consultório pessoas querendo melhorar sua fala. Muitas têm alterações importantes, não conseguem falar claramente ou determinado fonema e muitas vezes, na anamnese, descobrimos que esta pessoa respira ou respirou muito tempo pela boca.
 A respiração habitual deve ser pelo nariz. Caso a mesma ocorra de forma diferente, ou seja, bucal (boca) ou buconasal certamente poderá trazer sérias alterações .A alteração respiratória pode ser decorrente de alguns fatores como:  aumento de amígdalas e/ou adenóide, alergias respiratórias,desvio de septo, entre outros.
O respirador bucal apresenta uma tendência a preferir alimentos mais macios e moles, utiliza o líquido junto com os alimentos para amaciá-los. Isso exige menos força para mastigar e engolir. Assim é mais rápido e menos cansativo comer. A mastigação pode estar alterada sendo executada com lábios abertos, rápida, ruidosa e desordenada. É difícil respirar pela boca quando ela está cheia. Ou mastiga ou respira.
Outras conseqüências da respiração bucal podem ser: dificuldade em dormir bem,crescimento físico diminuído, alterações na postura corpórea, otites de repetição (infecção de ouvido),
 ronco noturno, excesso de baba no travesseiro e claro, a fala alterada.

Se você acha que seu filho ou conhecido pode apresentar um desses sintomas procure um fonoaudiólogo para uma avaliação e receber orientações que poderão esclarecer suas dúvidas. O trabalho muscular específico se dará através de exercícios que adequarão a tonicidade e postura dos órgãos fonoarticulatórios e as funções de mastigação, deglutição e fala.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Desaquecendo a voz

"Desaquecimento vocal" ainda é uma expressão pouco conhecida pelos profissionais da voz. Primeiramente é necessário que se determine  a importância do desaquecimento.  Após o uso intensivo, a voz normalmente se apresenta mais aguda e mais forte. Se o cantor /ator sair de seu espetáculo com  o esquema vocal que estava utilizando (mais agudo e mais forte) pode acabar sobrecarregando seu aparelho fonador.
Uma boa maneira de iniciar o desquecimento vocal é ficar pelo menos 5 minutos em silêncio total. Exercícios como vibração de língua e de lábios em escalas descendentes também podem ser utilizados para desaquecer a voz.
Uma massagem digital na laringe, com movimentações de deslocamento lateral e  movimentos circulares em volta da cartilagem tireóide também pode ajudar.
Consulte seu fonoaudiólogo para maiores informações e bom desaquecimento!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

O aquecimento vocal e sua importância


 O cantor popular ou erudito pode ser considerado um atleta vocal, já que seu aparelho fonador é altamente requisitado durante suas apresentações públicas. De acordo com Pinho (2001) no canto, as pregas vocais devem estar preparadas para realizar movimentos precisos e rápidos, atingindo notas bastante agudas ou ainda em forte intensidade, muitas vezes associadas à movimentação corporal e à dança. Desta forma o cantor deve preparar-se para esta sobrecarga muscular, aquecendo a musculatura do aparelho fonador, integrando os sistemas respiratório, laríngeo e ressonantal e prevenindo possíveis lesões que levem à redução de sua performance.


O desaquecimento vocal também possui relevância para o cantor, já que “favorece o retorno ao ajuste fonoarticulatório da voz coloquial, evitando abuso decorrente de utilização prolongada dos ajustes do canto, ou seja, pitch mais elevado e loudness muito forte” (Baxter, 1990; Francato e col., 1996; Behlau e Rehder, 1997; Costa e Silva, 1998 apud PINHO,2001, p.100).
 
Através do aquecimento vocal “há aumento da flexibilidade dos músculos responsáveis pela produção da voz, preparando a emissão para o canto” (Baxter, 1990; Sataloff, 1991; Francato e col., 1996; Campioto, 1997, Behlau e Rehder, 1997; Costa e Silva, 1998 apud PINHO, 2001, p.99 ) e há aumento do fluxo sanguíneo para a região das pregas vocais segundo Costa e Silva (1998 apud PINHO, 2001).


O aquecimento vocal possibilita ainda adequada coaptação das pregas vocais, favorecendo maior componente harmônico, diminuindo o fluxo de ar transglótico. A mucosa das pregas vocais fica mais solta, permitindo maior intensidade e projeção à voz, além de melhor articulação dos sons ( Francato e col, 1996 apud PINHO, 2001).

Pinho (2001) sugere a utilização de vocalizes com vibração de lábios e língua e escalas ascendentes como exercícios de aquecimento vocal. Haveria grandes benefícios, dentre os quais a irrigação de tecidos, a liberação das articulações e o fortalecimento da musculatura, por meio de contrações dos músculos intrínsecos e extrínsecos da laringe. Exercícios com vogais nasais favoreceriam a projeção e efetividade glótica.

* texto retirado da monografia " A importância do aquecimento vocal em cantores antes das apresentações"  por Patricia Maia (2005).

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Intervalos melódicos e o Treino para o Canto


É muito importante que o professor de canto trabalhe com seu aluno músicas que ofereçam variedade de intervalos melódicos, com vogais  e intenções diversas. O cantor deve também saber identificar os intervalos e isso pode ser conseguido através da utilização de músicas conhecidas que o ajudem nesta tarefa. Como exemplo, cito algumas canções que podem servir de base para este tipo de treino:
* Intervalo de terça maior ascendente : "Eu sei que vou te amar..."(Tom Jobim)
*Intervalo de quarta justa ascendente: "Tris- te- za não tem fim... "(A Felicidade, Tom Jobim/Vinicius de Moraes)
*Intervalo de terça maior descendente: "É pau, é pedra, é o fim do caminho..." (Águas de Março, Tom Jobim)
Uma lista enorme de músicas brasileiras  e seus intervalos correspondentes pode ser conferida no site  http://www.jazzbossa.com/. Bom estudo!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Refluxo Gastroesofágico e a Voz (Fonte: BEHLAU, M. Voz: o livro do especialista v.2. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.)

A doença do refluxo gastroesofágico é um transtorno crônico e está relacionada ao retorno do material gástrico para o esôfago, afetando estruturas relativamente próximas do esôfago como boca, faringe, laringe e até pulmões. O paciente com doença do refluxo gastroesofágico típica apresenta dor epigástrica, azia e pirose (queimação e ardência no estômago e esôfago).
Quando não há comprovação de que as alterações na vias aerodigestivas sejam decorrentes da doença do refluxo, utiliza-se, de modo alternativo, o termo síndrome laringo-faríngea do refluxo pois nesta situação há uma série de sintomas laringofaríngeos ( rouquidão, pigarro, tosse crônica, halitose, garganta irritada) além de sinais observados no exame da laringe (edema, espessamento ou hiperemia (vermelhidão) na região posterior da laringe) que são frequentemente, mas não exclusivamente, associados à doença do refluxo. Tais pacientes não apresentam pirose (queimação).
É muito importante que o fonoaudiólogo ( e também o professor de canto) conheça este tipo de alteração. Muitas vezes uma rouquidão persistente pode não ter nada a ver com a conduta vocal do indivíduo sendo portanto, de extrema importância o exame da laringe feito com o médico otorrinolaringologista.
Se este paciente for um cantor ou ator profissional, essas alterações vocais decorrentes do refluxo irão atrapalhar demais sua performance vocal. Algumas estratégias (citadas abaixo) podem ser utilizadas a fim de controlar o problema e algumas medicações podem auxiliar mas devem ser prescritas pelo médico.

 ESTRATÉGIAS PARA CONTROLAR O REFLUXO GASTROESOFÁGICO



1- NÃO COMER NA CAMA ANTES DE DORMIR

2- NÃO DEITAR ANTES DE 3 HORAS APÓS AS REFEIÇÕES

3- NÃO COMER NO MEIO DA NOITE, EVITANDO PARTICULARMENTE CHOCOLATES

4- COMER PORÇÕES PEQUENAS

5- REDUZIR ALIJMENTOS GORDUROSOS, CONDIMENTADOS E FRITURAS

6- EVITAR EXCESSO DE QUEIJOS, LEITE E DEVIVADOS

7- EVITAR ALCOOL PRINCIPALMNETE A NOITE

8- EVITAR EXCESSO DE PRODUTOS COM CAFEÍNA

9- EVITAR BEBIBAS GASOSAS, ESPECIALMENTE AS DIETÉTICAS

10- EVITAR CONSUMO DE SUCOS CÍTRICOS (LARANJA, ACEROLA, ABACAXI, TANGERINA, LIMÃO)

11- EVITAR INGESTÃO EXCESSIVA DE TOMATES, MOLHO DE TOMATE E CEBOLAS

12- EVITAR CHOCOLATES E ACHOCOLATADOS LÍQUIDOS

13- EVITAR BALAS EM GERAL, CHICLETES E USO HABITUAL DE ASPIRINA

14- FRACIONAR A ALIMENTAÇÃO DIÁRIA EM DIVERSAS REFEIÇÕES

15- ELEVAR A CABECEIRA DA CAMA EM 15 cm

16- NÃO USAR ROUPAS APERTADAS NA CINTURA E TÓRAX

17- REDUZIR O PESO, SE NECESSÁRIO

18- CONTROLAR O ESTRESSE

19- DEIXAR DE FUMAR POIS O FUMO FAVORECE O REFLUXO

20- CONTROLAR A COORDENAÇÃO FONODEGLUTITÓRIA

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Aulas de canto e repertório

Muitas vezes o aluno de canto fica perdido sobre que músicas seriam interessantes para ele estudar. Costumo dizer que o aluno deve buscar um repertório para a aula que mais favoreça seu crescimento. Isto quer dizer que deve procurar canções com um nível de dificuldade adequado ao seu estado evolutivo no canto: nem muito fáceis, nem muito difíceis.  Podemos ter no entanto diversos tipos de dificuldade. A dificuldade pode estar na extensão vocal necessária para executar a canção (que muitas vezes o aluno ainda não desenvolveu); na melodia (linhas melódicas com intervalos de semitons geralmente são mais complicadas para um iniciante); no ritmo ( ritmos que o aluno não está familiarizado); na língua ( se for em inglês, francês, ou outra lingua estrangeira); no estilo (há alunos que só conseguem cantar um estilo  e um bom cantor deve se sair bem em praticamente todos, do rock à bossa nova). O professor de canto deve instigar seu aluno a se interessar por vários tipos de música, colocar novas possibilidades e apresentar novos meios para o desenvolvimento da voz e da expressão artística , sempre respeitando os limites e objetivos de cada indivíduo. Deixo abaixo um link da música "Por Toda a minha vida" (Tom Jobim/ Vinícius de Moraes), que pode ser considerada um exemplo de dificuldade melódica, como a maioria das canções do mestre Tom.
http://www.youtube.com/watch?v=UWBmUF4uItg

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Registro modal em notas agudas

 Deixo abaixo um link de um vídeo que achei no youtube, da cantora canadense Celine Dion, mostrando seu domínio vocal em notas agudas. Acredito que ela esteja em quase todas as músicas em registro modal.  Interessante para quem estuda canto pois é uma verdadeira aula de belting! É necessário muita técnica e estudo para conseguir isso, não tentem fazer em casa sozinhos..rsrs!
http://www.youtube.com/watch?v=Yr8qGWrH0VA