quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Refluxo Gastroesofágico e a Voz (Fonte: BEHLAU, M. Voz: o livro do especialista v.2. Rio de Janeiro: Revinter, 2001.)

A doença do refluxo gastroesofágico é um transtorno crônico e está relacionada ao retorno do material gástrico para o esôfago, afetando estruturas relativamente próximas do esôfago como boca, faringe, laringe e até pulmões. O paciente com doença do refluxo gastroesofágico típica apresenta dor epigástrica, azia e pirose (queimação e ardência no estômago e esôfago).
Quando não há comprovação de que as alterações na vias aerodigestivas sejam decorrentes da doença do refluxo, utiliza-se, de modo alternativo, o termo síndrome laringo-faríngea do refluxo pois nesta situação há uma série de sintomas laringofaríngeos ( rouquidão, pigarro, tosse crônica, halitose, garganta irritada) além de sinais observados no exame da laringe (edema, espessamento ou hiperemia (vermelhidão) na região posterior da laringe) que são frequentemente, mas não exclusivamente, associados à doença do refluxo. Tais pacientes não apresentam pirose (queimação).
É muito importante que o fonoaudiólogo ( e também o professor de canto) conheça este tipo de alteração. Muitas vezes uma rouquidão persistente pode não ter nada a ver com a conduta vocal do indivíduo sendo portanto, de extrema importância o exame da laringe feito com o médico otorrinolaringologista.
Se este paciente for um cantor ou ator profissional, essas alterações vocais decorrentes do refluxo irão atrapalhar demais sua performance vocal. Algumas estratégias (citadas abaixo) podem ser utilizadas a fim de controlar o problema e algumas medicações podem auxiliar mas devem ser prescritas pelo médico.

 ESTRATÉGIAS PARA CONTROLAR O REFLUXO GASTROESOFÁGICO



1- NÃO COMER NA CAMA ANTES DE DORMIR

2- NÃO DEITAR ANTES DE 3 HORAS APÓS AS REFEIÇÕES

3- NÃO COMER NO MEIO DA NOITE, EVITANDO PARTICULARMENTE CHOCOLATES

4- COMER PORÇÕES PEQUENAS

5- REDUZIR ALIJMENTOS GORDUROSOS, CONDIMENTADOS E FRITURAS

6- EVITAR EXCESSO DE QUEIJOS, LEITE E DEVIVADOS

7- EVITAR ALCOOL PRINCIPALMNETE A NOITE

8- EVITAR EXCESSO DE PRODUTOS COM CAFEÍNA

9- EVITAR BEBIBAS GASOSAS, ESPECIALMENTE AS DIETÉTICAS

10- EVITAR CONSUMO DE SUCOS CÍTRICOS (LARANJA, ACEROLA, ABACAXI, TANGERINA, LIMÃO)

11- EVITAR INGESTÃO EXCESSIVA DE TOMATES, MOLHO DE TOMATE E CEBOLAS

12- EVITAR CHOCOLATES E ACHOCOLATADOS LÍQUIDOS

13- EVITAR BALAS EM GERAL, CHICLETES E USO HABITUAL DE ASPIRINA

14- FRACIONAR A ALIMENTAÇÃO DIÁRIA EM DIVERSAS REFEIÇÕES

15- ELEVAR A CABECEIRA DA CAMA EM 15 cm

16- NÃO USAR ROUPAS APERTADAS NA CINTURA E TÓRAX

17- REDUZIR O PESO, SE NECESSÁRIO

18- CONTROLAR O ESTRESSE

19- DEIXAR DE FUMAR POIS O FUMO FAVORECE O REFLUXO

20- CONTROLAR A COORDENAÇÃO FONODEGLUTITÓRIA

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Aulas de canto e repertório

Muitas vezes o aluno de canto fica perdido sobre que músicas seriam interessantes para ele estudar. Costumo dizer que o aluno deve buscar um repertório para a aula que mais favoreça seu crescimento. Isto quer dizer que deve procurar canções com um nível de dificuldade adequado ao seu estado evolutivo no canto: nem muito fáceis, nem muito difíceis.  Podemos ter no entanto diversos tipos de dificuldade. A dificuldade pode estar na extensão vocal necessária para executar a canção (que muitas vezes o aluno ainda não desenvolveu); na melodia (linhas melódicas com intervalos de semitons geralmente são mais complicadas para um iniciante); no ritmo ( ritmos que o aluno não está familiarizado); na língua ( se for em inglês, francês, ou outra lingua estrangeira); no estilo (há alunos que só conseguem cantar um estilo  e um bom cantor deve se sair bem em praticamente todos, do rock à bossa nova). O professor de canto deve instigar seu aluno a se interessar por vários tipos de música, colocar novas possibilidades e apresentar novos meios para o desenvolvimento da voz e da expressão artística , sempre respeitando os limites e objetivos de cada indivíduo. Deixo abaixo um link da música "Por Toda a minha vida" (Tom Jobim/ Vinícius de Moraes), que pode ser considerada um exemplo de dificuldade melódica, como a maioria das canções do mestre Tom.
http://www.youtube.com/watch?v=UWBmUF4uItg

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Registro modal em notas agudas

 Deixo abaixo um link de um vídeo que achei no youtube, da cantora canadense Celine Dion, mostrando seu domínio vocal em notas agudas. Acredito que ela esteja em quase todas as músicas em registro modal.  Interessante para quem estuda canto pois é uma verdadeira aula de belting! É necessário muita técnica e estudo para conseguir isso, não tentem fazer em casa sozinhos..rsrs!
http://www.youtube.com/watch?v=Yr8qGWrH0VA

domingo, 4 de abril de 2010

O que são Registros Vocais?

O workshop “Cantando no século XXI” com a professora americana Jeannette LoVetri foi bastante proveitoso. É sempre bom poder trocar experiências e técnicas com profissionais de nossa área. No entanto, ficou clara a dificuldade de nossos cantores brasileiros em compreender a diferença entre registros vocais. Tenho percebido bastante isso no meu dia-a- dia como professora de canto e fonoaudióloga. Os profissionais do canto que chegam até mim, muitas vezes já vindos de renomados professores, não conhecem os possíveis registros vocais e as possibilidades que se abrem para suas vozes. Quanto a saber quais as musculaturas envolvidas na produção de cada um destes registros...Isso é quase impossível de acontecer.


Acredito que seja de enorme importância que o cantor conheça o seu instrumento: a voz. A voz não é algo místico, misterioso ou inexplicável. Ela é oriunda da vibração de estruturas compostas por mucosa, músculos e cartilagens. Por que alguns insistem em colocá-la em uma esfera quase “esotérica”?

Os registros vocais podem ser definidos como formas de se emitir um som.Há uma série de classificações que envolvem diversas nomenclaturas para os registros, mas vamos nos prender hoje apenas ao registro modal e registro elevado.

Não tem nada de esotérico na produção do registro modal. Este registro está associado ao músculo tireoaritenóideo (TA), também conhecido como músculo vocal, pois faz parte do “corpo” das pregas vocais. A voz falada (tanto masculina quanto feminina) utiliza-se normalmente deste registro para ocorrer.

O registro elevado envolve notas mais agudas, uma região que normalmente não é utilizada com freqüência na fala; está associado ao músculo cricotireóideo (CT), que estica e afina as pregas vocais para que elas possam atingir as notas mais agudas.

Uma voz que recebeu um bom treinamento deve ser capaz de sustentar sua qualidade em todos os tipos de registros, com beleza e sem esforço, tanto no grave quanto no agudo.